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Vantagens do Santo Sacrifício (Excelências da Santa Missa – V)

Leia o primeiro capítulo Por S. Leonardo de Porto-Maurício, da Ordem dos Frades Menores S. Leonardo de Porto-Maurício A GRANDEZA E A BELEZA são dois motivos assaz poderosos para tocar os corações. A utilidade, porém, os persuade e, a despeito de toda repugnância, arrebata quase sempre à vitória. Ainda que a excelência e a necessidade da Santa Missa não fossem para vós bastante ponderáveis, como poderíeis deixar de apreciar a magna utilidade que ela proporciona aos vivos e falecidos, aos justos e aos pecadores, para a vida e para a morte, e mesmo para depois da morte? Imaginai que sois aquele devedor do Evangelho, cuja dívida se elevara à enorme quantia de dez mil talentos. Chamado a prestar contas humilha-se, implora e pede adiamento para satisfazer completamente o débito:  "Patientiam hiabe in me, et omnia rddam tibi." –  “Tem paciência comigo, que tudo de pagarei” (Mt 18, 26) Aí está o que deveis fazer, vós que tendes com a Justiça divina não uma, mas m

O Mistério do Culto de Cristo e da Igreja.

Frei Alberto Beckhäuser, OFM  O grande estudioso da Sagrada Liturgia Dom Odo Casel definiu a Liturgia como sendo o Mistério do Culto de Cristo e da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica a apresenta como celebração do Mistério pascal. Liturgia tem, pois, a ver com mistério. Mas, como entender o mistério? Para uma correta compreensão do que seja a Sagrada Liturgia é importante termos uma noção do que seja o mistério. Não se trata do mistério no sentido em que geral se compreende, como algo desconhecido, de secreto, que não pode ser compreendido, mas no sentido que a Bíblia, os Padres da Igreja e a Liturgia o entendem. Claro que em qualquer mistério também continua presente o aspecto do oculto. Mistério vem do verbo grego myo, que significa estar fechado, estar cerrado ou cerrar-se, mas sempre alguma coisa que pode ser aberta, que é feita para ser aberta como, por exemplo, a porta, a janela. A palavra mistério conota sempre algo oculto, que pode ser revelado. Tem a ver também co

MARIA SANTÍSSIMA É A MEDIANEIRA DOS PECADORES PARA COM DEUS

Facta sum coram eo quasi pacem reperiens  — «Tenho-me tornado na sua presença como uma que acha a paz» (Cant 8, 10) Sumário. É com razão que Maria Santíssima é comparada aoiris; porque é a medianeira e o penhor da paz entre Deus e os homens. Com efeito, quantos pecadores que agora são grandes Santos no céu, estariam talvez ardendo no inferno, se Maria não tivesse intercedido junto ao Filho para lhes obter perdão! Seja qual for o estado da nossa alma, recorramos com confiança a esta querida Mãe e seremos salvos. Lembremo-nos, porém, que para merecermos a sua proteção especial, é preciso que tenhamos ao menos a vontade de nos emendar. ************************* O principal ofício que foi dado a Maria, quando veio à terra, consistiu em levantar as almas decaídas da graça divina e reconciliá-las com Deus. Eis como o Espírito Santo a faz falar nos sagrados Cânticos: Eu me tornei diante dele como uma que achou a paz. Eu sou, diz Maria, a defesa daqueles que a mim recorrem, e a minha

Discurso do Santo Padre Bento XVI em Audiência Geral (de 31.8.2011)

Queridos irmãos e irmãs! Ao longo deste período, evoquei várias vezes a necessidade de que cada cristão encontre tempo para Deus, para a oração, no meio das numerosas ocupações dos nossos dias. O próprio Senhor oferece-nos muitas oportunidades para nos recordarmos d’Ele. Hoje, gostaria de debruçar-me brevemente sobre um desses canais que nos podem conduzir a Deus e servir também de ajuda no encontro com Ele: é o caminho das expressões artísticas, que faz parte daquela « via pulchritudinis » (caminho da beleza) − da qual já falei diversas vezes e que o homem de hoje deveria recuperar no seu significado mais profundo. Talvez vos tenha acontecido algumas vezes, diante de uma escultura, de um quadro, de certos versos de uma poesia ou de uma peça musical, sentir uma emoção íntima, uma sensação de alegria, ou seja, perceber claramente que diante de vós não havia apenas matéria, um pedaço de mármore ou de bronze, uma tela pintada, um conjunto de letras ou um cúmulo de sons, mas a

Igrejas feias fazem mal para a alma – a importância da beleza estética na Liturgia para a evangelização

O jovem 'youtuber' Brian Holdsworth ASSIM COMO ACONTECE com a Verdade, a Beleza também  não  é relativa. Está aí um assunto que quase inevitavelmente provocará polêmica nos ambientes modernos, já que os ouvidos dos nossos tempos, profundamente doutrinados na ideologia socialista, não admitem desigualdade de espécie alguma – ainda que as desigualdades inegavelmente existam e sejam mais do que evidentes. É preciso um altíssimo grau de cegueira voluntária para negar que, neste mundo, existem coisas bonitas e coisas feias – incluindo pessoas. Ora, não estamos aqui falando do caráter e nem da dignidade de ninguém. Uma pessoa muito boa pode ser muito feia, e todos sabemos que isso acontece muito, talvez até porque as pessoas desprovidas de beleza estética estejam livres de certas tentações, como por exemplo a da vaidade. S. João Maria Vianney que o diga, ou será que, olhando as fotos do santo Cura d'Ars, alguém ousaria dizer que ele foi um modelo de beleza física? Cla

LITURGIA COMO CELEBRAÇÃO

O Catecismo da Igreja Católica apresenta a Liturgia como Celebração do mistério cristão, celebração do mistério pascal. Coloca, portanto, a Liturgia na dimensão da celebração. Assim, para compreendermos bem o que é a Liturgia cristã e vivê-la sempre mais intensamente, convém refletir sobre o que é celebração e os elementos que constituem uma celebração.  Em consequência dessa compreensão, segue uma palavra sobre a celebração cristã, a Sagrada Liturgia.  1. O que é celebração Celebrar é tornar célebre. Tornar célebre é tornar famoso, conhecido, é tornar presente. O que torna uma pessoa célebre, famosa, são as suas obras, os seus feitos. Para reconhecer a celebridade de uma pessoa, procura-se lembrar o que ela foi e o que ele fez; lembram-se, narram-se suas obras. Esta narração das obras torna a pessoa novamente presente.  2. Os elementos de uma celebração Tomemos como exemplo a celebração do primeiro aninho de uma criança numa festa em família. Analisemos os vários elemento

Liturgia é Igual a ritos?

Se considerássemos a Liturgia simplesmente como um conjunto de ritos estaríamos muito errados e cairíamos num estéril ritualismo já condenado por Jesus Cristo, que pede um culto espiritual a Deus no Espírito e na verdade.  O rito constitui um aspecto da Liturgia da Igreja. É um elemento constitutivo da Liturgia, mas não é a Sagrada Liturgia. A Sagrada Liturgia nos supera infinitamente. Ela constitui um dom de Deus dado aos através de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo. É obra da Santíssima Trindade. Assim, não nos compete apossar-nos da Liturgia, mas deixar-nos possuir por ela. Não nos compete conduzir a Sagrada Liturgia, mas deixar-nos conduzir por ela. Antes de nós servirmos a Deus, Deus serviu aos seres humanos. Liturgia significa ação em favor do povo, em favor da comunidade. A Liturgia divina é, primeiramente, o serviço que Deus presta a si mesmo, no mistério da Santíssima Trindade. Depois, o serviço que Deus prestou à humanidade, dando-nos o seu Filho Jesus Cristo,