Se considerássemos a Liturgia simplesmente como um conjunto de ritos estaríamos
muito errados e cairíamos num estéril ritualismo já condenado por Jesus Cristo, que
pede um culto espiritual a Deus no Espírito e na verdade.
O rito constitui um aspecto da Liturgia da Igreja. É um elemento constitutivo da
Liturgia, mas não é a Sagrada Liturgia.
A Sagrada Liturgia nos supera infinitamente. Ela constitui um dom de Deus dado aos
através de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo. É obra da Santíssima Trindade.
Assim, não nos compete apossar-nos da Liturgia, mas deixar-nos possuir por ela. Não
nos compete conduzir a Sagrada Liturgia, mas deixar-nos conduzir por ela.
Antes de nós servirmos a Deus, Deus serviu aos seres humanos. Liturgia significa
ação em favor do povo, em favor da comunidade. A Liturgia divina é, primeiramente, o
serviço que Deus presta a si mesmo, no mistério da Santíssima Trindade. Depois, o
serviço que Deus prestou à humanidade, dando-nos o seu Filho Jesus Cristo, que por
sua morte e ressurreição prestou o serviço de glorificação ao Pai e o serviço de
salvação e santificação à humanidade. A este serviço de salvação de Jesus, a Igreja
chama de mistério pascal. Diz o Concílio Vaticano II: “Esta obra da Redenção humana
e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas divinas
operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo
mistério pascal de sua sagrada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão.
Por este mistério, Cristo, ‘morrendo, destruiu a nossa morte e, ressuscitando, recuperou
a nossa vida’. Pois do lado de Cristo dormindo na cruz nasceu o admirável sacramento
de toda a Igreja” (SC 5).
Em seguida, o Concílio ensina como esta obra da Redenção e da perfeita glorificação
de Deus chega até nós, como podemos participar dela: “Assim como Cristo foi enviado
pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para
pregarem o Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte
e ressurreição, nos libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para o reino
do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através
do Sacrifício e dos Sacramentos, em torno dos quais gira toda a vida litúrgica” (SC 6).
A Igreja tem a missão não só de anunciar a salvação, o mistério pascal, mas de
realizá-lo. Para isso, Cristo Jesus continua presente e atuante na Igreja, sobretudo
nas ações litúrgicas (cf. SC 7). “A Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal
de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a
cada sinal realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo
Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros” (SC 7).
A Liturgia celebrada é a obra da salvação e do culto de Cristo prestado ao Pai tornada
presente e atual através de sinais sensíveis e significativos da própria ação sacerdotal
de Cristo. Estes sinais sensíveis e significativos da ação salvadora e do verdadeiro
culto prestado por Cristo ao Pai, formam os ritos. Os ritos são, pois, a expressão
significativa da obra da salvação e da glorificação da qual os que celebram participam.
Jesus agiu uma vez para sempre. Esta ação de Jesus torna-se presente para os que
Nele creem e se deixam atingir pela ação de salvadora de Jesus. É isto a Liturgia
celebrada.
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