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Reflexões da Sagrada Escritura: Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.

 



“Mariae, de qua natus est Jesus, qui vocatur Christus”.
“Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo” (S. Mateus, I, 16).

Por Padre Élcio Murucci | FratresInUnum.com

Em 1954, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, Cardeal e Arcebispo Metropolitano de São Paulo, escreveu uma Carta Pastoral, verdadeira exaltação a Maria Santíssima. Dela daremos aqui aos caríssimos leitores apenas alguns trechos:



“Os filhos bem-nascidos e espiritualmente bem formados exultam sempre em conhecer a vida da criatura abençoada que lhes deu o ser e o materno leite e amor de mãe. Se assim é na ordem natural, mormente na ordem sobrenatural ou na ordem da vida da graça.

“Aquela que é Mater Divinae Gratiae tem todo o direito ao mais sublime amor e ao mais acendrado culto por parte de todos os verdadeiros cristãos, regenerados pelo divino sangue do Salvador dos homens. Pois este sangue redentor, Cristo o recebeu do seio  Imaculado e sempre virgem de Maria: Mariae, de qua natus est Jesus, qui vocatur Christus. A salvação moral e espiritual da cristandade descansará perenemente na proteção superna de Nossa Mãe do Céu, tal qual em seus braços maternais descansava o próprio Salvador, Jesus, o Cristo Filho de Deus Vivo.

A devoção a Nossa Senhora é a salvaguarda da fidelidade religiosa do nosso povo; e, para cada um de nós, o penhor da conquista do Paraíso. Para sermos verdadeiros e bons brasileiros, havemos de ser fiéis devotos da Mãe de Deus e Nossa. Em seus braços veio Jesus para nós; em seus braços iremos nós para Jesus.

“Foi no meado do Mês do Rosário, outubro de 1717, que, no Vale Mariano do Rio Paraíba, nas águas do porto de Itaguaçu, da paróquia de Guaratinguetá, deu-se o evento milagroso da Imagem Aparecida de Nossa Senhora da Conceição.

“O então vigário de Guaratinguetá, Padre José Alves de Vilela, deixou registrado no Livro de Tombo dessa sua privilegiada paróquia, um interessantíssimo relato de como a Imagem fora colhida pelas redes abençoadas do feliz pescador João Alves, que tinha por companheiros Domingos Martins Garcia e Filipe Pedroso. É de justiça ressaltar a benemerência desse sacerdote virtuoso e culto que, durante os primeiros trinta anos, cuidou zelosamente da devoção a Nossa Senhora Aparecida.

“Por iniciativa sua, com outros devotos, erigiu primitiva ermida, por ele mesmo, posteriormente transplantada e transformada em capela digna deste nome, cito no próprio local em que, cem anos mais tarde, construir-se-ia a majestosa igreja que é agora Basílica Nacional. (a antiga).

“Era em Itaguaçu que em todos os sábados, reunia-se a gente da vizinhança a cantar o terço, o ofício litúrgico popular e outros louvores a Nossa Senhora. Oxalá que tão belo exemplo de piedade de nossos antepassados não seja nunca jamais esquecido na tradição das famílias católicas de nossa Pátria!

Falando do PRIMEIRO CONGRESSO DA PADROEIRA diz Dom Mota:

“É o Brasil católico ajoelhado aos pés da Imaculada Conceição, é a alma brasileira que, em protestos de fé, cimenta e consolida os sentimentos que trouxemos do berço da nossa Pátria. Quer em romarias, mais ou menos organizadas, quer em grupos de famílias ou em visitas isoladas, sempre características do filial amor que devotamos à Mãe Santíssima, quantos saem daqui levando para a vida novas energias; quantos se regeneram no batismo da penitência; quantos abençoam a feliz inspiração que os trouxe um dia aos pés de Maria Santíssima!

“Aparecida é no Brasil a terra predileta de Nossa Senhora. É o Santuário em que ela se compraz de derramar as suas bênçãos, consolando e acariciando, a uns fortalecendo-lhes a fé e a coragem cristã, a outros inspirando nobres e salutares resoluções, quantas vezes restituindo-lhes a saúde do corpo, sempre a saúde da alma aos bem intencionados e sinceramente arrependidos”.

“Ainda as almas simples, as desse povo religioso e bom, que não sabe falar, mas sabe rezar, sentiam, como por instinto, que a Senhora Aparecida quer e deve reinar nos corações, nos lares, na família e na sociedade, em todos os recantos da Pátria estremecida, como Senhora absoluta de tudo quanto somos e de tudo quanto é nosso.

“Este Santuário é água que satisfaz ao paladar do humilde e pequenino, e ao dos sábios; tanto atrai a devoção do caboclo do sertão, como a do gênio de Tomás de Aquino. Aqui na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, reza-se pela paz do Brasil grandioso e unido.

“Que Nossa Senhora Aparecida, doravante, e para sempre, Rainha incontestada, e Soberana do Brasil, conserve-nos a todos a unidade da fé na unidade inquebrantável da Pátria!”

“Aquiescendo paternalmente à patriótica e piedosa súplica do colendo Episcopado Nacional, houve por bem Sua Santidade, o Papa Pio XI, por MOTU PROPRIO de 16 de julho de 1930, oficialmente proclamar a Beatíssima e Imaculada Virgem Maria, sob o título de APARECIDA – PRECÍPUA PADROEIRA DE TODO O BRASIL, junto de Deus.

“Eis as formais palavras da referida proclamação: (traduzindo do latim):

“Por “motu próprio” e por conhecimento certo e madura reflexão Nossa, na plenitude de Nosso poder apostólico, pelo teor das presentes letras, constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de APARECIDA PADROEIRA PRINCIPAL DE TODO O BRASIL diante de Deus. Concedemos isto para promover o bem espiritual dos fiéis no Brasil e para aumentar cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus”.

…”E então, de suas dadivosas mãos, a Virgem Imaculada – onipotência suplicante como é – fará jorrar sobre nós caudais de bênçãos; bênçãos que sejam luz para o nosso espírito em trevas de sobressaltos, que sejam força para a nossa vontade trepidante e quase a capitular, que sejam tranqüilidade para a nossa consciência em desassossego, e que sejam vibrações de sadio entusiasmo para o nosso coração abafado e desiludido.

“Sensibilizados e ternissimamente agradecidos, podemos e devemos afirmar que, assim como a França foi o histórico cenário escolhido pela Virgem Imaculada para sua aparição a Catarina Labouré, a 27 de novembro de 1830, exigindo a cunhagem da Medalha, por antonomásia a MEDALHA MILAGROSA, assim como foi a Itália o palco majestoso da visão de Afonso Ratisbonne, a 20 de janeiro de 1842, na igreja de Santo André delle Fratte, em Roma, triunfando a Virgem da Medalha sobre o seu espírito de judeu acérrimo; assim também, e muito antes, fora o Brasil, em águas do Paraíba, o recesso tranqüilo e humilde, eleito por Nossa Senhora da Conceição, para o miraculoso aparecimento de sua Imagem a 17 de outubro de 1717. Imagem tão pequena em sua dimensão, quão grande, na veneração e no amor dos brasileiros.

…”Porque Maria Santíssima havia de ser Mãe de Deus por isso foi Imaculada em sua Conceição. E, depois, porque era a Mãe de Deus e Imaculada, por isso foi ressuscitada e assunta ao Céu, na integridade de sua pessoa. Em Maria, o Sol da graça infinita e da infinita justiça, refulgiu no seu zênite no mistério augusto e inefável da Maternidade Divina. Mas, na Imaculada Conceição, na gloriosa Ressurreição e na excelsa Assunção, rebrilhou o mesmo Solstício. Maria obteve vitória total sobre o pecado, pela plenitude da graça de Imaculada e Mãe de Deus: bem como obteve vitória total sobre a morte, pela plenitude da vida ressurreta e imortalizada na Glória do Paraíso.

“Pois essa Criatura super-privilegiada, OBRA PRIMA  do Criador onipotente, onisciente e onibondoso, é a PRINCIPAL E CELESTIAL  PADROEIRA DE TODO BRASIL, JUNTO DE DEUS. É a nossa Mãe do Céu! Que Nossa Senhora Aparecida console os que choram, conforte os que sofrem, encaminhe os transviados, reconcilie os inimigos, consolide as famílias, harmonize as sociedades, salve o Brasil! E assim como foi sua milagrosa Imagem recolhida nas redes dos pescadores, assim também se digne a querida Mãe e Padroeira recolher-nos a todos nas redes de sua bondade  e de seu poder, levando-nos para o Céu, levando-nos para

Jesus: AD JESUM PER MARIAM!”

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