O QUE ACONTECERIA se um protestante honesto, sedento pela Verdade – que segundo a nossa fé é o próprio Cristo – fosse estudar as raízes da Igreja Católica e a sua origem na era apostólica e nos primeiros séculos? Em todo o mundo, com destaque especial para os Estados Unidos, berço do protestantismo da era moderna e contemporânea, um fenômeno intrigante vem acontecendo: uma série de reconhecidos pastores e eruditos dos meios protestantes têm vindo ou retornado ao seio da Igreja Católica.
Como não poderia deixar de ser, a vinda dos pastores arrebata também um considerável número de outros fiéis, antes "evangélicos", e, mais do que isso, outrora anti-católicos. Eles professam seus testemunhos, em abundantes publicações e na internet. Segundo a pesquisadora Janaina Quintal, o ponto em comum entre os convertidos é que todos eles declaram que foram “surpreendidos com a Verdade” ao estudarem a fundo o Cristianismo primitivo e os escritos dos Pais da Igreja. A pesquisadora parece ter total razão, já que este que vos fala, Henrique Sebastião, também se inclui neste mesmo rol. Já fui protestante, já odiei a Igreja Católica, já fui ludibriado pelas interpretações particulares que pastores muito bons de lábia fazem das Sagradas Escrituras.
É verdade também que, no pontificado de Francisco, a distância entre a Igreja Católica e as comunidades protestantes –, ao menos as que não radicais –, tem diminuído. Durante a Jornada Mundial da Juventude, o pontífice provocou polêmica ao rezar com um pastor e fiéis da "Assembleia de Deus" um Pai-Nosso, quando visitava a comunidade de Manguinhos (foi o líder protestante quem quis esperar o Papa em frente ao seu estabelecimento para convidá-lo à oração). Muitos criticaram o gesto, outros ficaram indignados, outros ainda questionaram se foi conveniente. Mas parece que tais ações têm gerado bons frutos.
Da JMJ despontou a comovente história da conversão do carioca Eduardo da Silva à fé católica, que aconteceu 135 dias após o jovem ter impactado o mundo ao aparecer na TV segurando um surpreendente cartaz de acolhida ao Papa, que dizia em letras garrafais: “SANTO PADRE, SOU EVANGÉLICO, MAS EU TE AMO!! ORE POR MIM E PELO BRASIL! TUS ÉS PEDRO…”.
Recentemente, o mesmo Papa Francisco gravou uma mensagem simpática dirigida a lideranças protestantes que se reuniriam nos Estados Unidos. Como fruto quase que imediato, direto e gritante desta aproximação benévola, o pastor Ulf Ekman, fundador da mais influente igreja protestante da Suécia, anunciou, durante uma conferência dominical em seu templo, que se convertera à fé católica (saiba mais)!
Ulf Ekman, ex-pastor sueco |
Janaina Quintal elaborou, para o "Universo Católico", uma resumida lista com o breve perfil de oito ex-pastores que abraçaram a comunhão com a Igreja Católica. Já o noticioso "O Ancoradouro" acrescentou a esta lista algumas notas importantes, as quais usaremos na relação abaixo:
1. Scott Hann. ex-pastor presbiteriano e ex-professor de teologia protestante
Scott Hahn |
Este é, possivelmente, o caso mais conhecido e mais divulgado em veículos católicos, especialmente por este ex-pastor ter se torando um importante apologista católico e por ter escrito alguns dos mais didáticos livros sobre a dicotomia Catolicismo X protestantismo, com destaque para "O Banquete do Cordeiro" e "Todos os caminhos levam à Roma", este último um belíssimo relato pormenorizado da história de sua conversão (e da esposa Kimberly) à Igreja Católica.
Era um anti-católico radical. Foram justamente seus excelentes conhecimentos das Sagradas Escrituras (ele é considerado um dos principais biblistas do mundo, hoje) que o levaram a investigar a Igreja Católica livre dos preconceitos a que fora condicionado desde a infância. Seu testemunho público de conversão tornou este professor e sincero servo de Deus um grande defensor da Verdade. Milhares de protestantes e muitos pastores ao redor do mundo voltaram ao Catolicismo por meio do seu testemunho. Já falamos sobre ele e sua obra por aqui (leia). Assista aqui um vídeo em que o próprio relata aspectos desta conversão.
Era um anti-católico radical. Foram justamente seus excelentes conhecimentos das Sagradas Escrituras (ele é considerado um dos principais biblistas do mundo, hoje) que o levaram a investigar a Igreja Católica livre dos preconceitos a que fora condicionado desde a infância. Seu testemunho público de conversão tornou este professor e sincero servo de Deus um grande defensor da Verdade. Milhares de protestantes e muitos pastores ao redor do mundo voltaram ao Catolicismo por meio do seu testemunho. Já falamos sobre ele e sua obra por aqui (leia). Assista aqui um vídeo em que o próprio relata aspectos desta conversão.
2. Paul Thigpen, ex-pastor, missionário, editor e autor de várias publicações protestantes
Ex-pastor Paul Thigpen |
Foi educado em uma Igreja presbiteriana do sul. A exemplo da maioria dos protestantes, migrou entre denominações, insatisfeito com a interpretação particular das Escrituras que encontrava em cada uma delas. Como presbiteriano, foi pastor e missionário na Europa, depois passou para a igreja batista, depois a metodista, depois a anglicana e depois para uma igreja pentecostal. Finalmente, a conclusão dos estudos mais aprofundados que realizou sobre Bíblia e História da Igreja –, na obtenção do seu doutorado em História da Teologia –, facilitou o seu caminho para aquela que ele finalmente reconheceu, de forma definitiva, como a verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja Católica.
3. Marcus Grodi, ex-ministro protestante especialista em Teologia e Bíblia
Ex-pastor Marcus Grodi |
Por meio dos seus estudos da História da Igreja, Marcus soube afinal compreender a Bíblia, e assim entendeu que não poderia continuar protestante. Concluiu que a Verdade absoluta só se encontrava na Igreja Católica. Publicamos alguns artigos dele e sobre ele por aqui, que podem ser lidos acessando-se os links abaixo:
4. Steve Wood, ex-pastor e ex-diretor do Instituto Bíblico da Flórida
Ex-pastor Steve Wood |
Testemunha Wood que, um dia, enquanto orava, Deus lhe falou: “Agora ou nunca”, e entendeu perfeitamente que o Chamado era para que procurasse a Igreja Católica. Com a sua conversão ao catolicismo, perdeu tudo: o trabalho como pastor, uma carreira sólida, o prestígio social, o meio de sustento da família... “Eu tinha estudado 20 anos para ser um ministro protestante e Deus me falou: 'Faça, agora!'… E eu fiz isso”, testemunha em seus depoimentos.
5. Bop Sungenis, ex-pastor e professor de Bíblia em uma rádio 'evangélica'
Ex-pastor Bop Sungenis |
Bop diz: "Agora, como católico, eu tenho a paz. Isso vem como consolação de viver na Verdade. Agora eu entrei no exército de Cristo nesta grande batalha para a salvação das almas. Ajudarei meus irmãos protestantes a aprender que a Igreja Católica não só é a verdadeira Igreja, mas a Casa à qual todos nós pertencemos".
6. Douglas Bogart, ex-missionário 'evangélico' na Guatemala
Ex-pastor Douglas Bogart |
7. David B. Currie. Ex-ministro evangélico chamado por muitos 'O Mestre em Divindade'
Ex-pastor David Currie |
O que o levou a ser católico? Sua resposta se baseia em duas coisas: o estudo da Bíblia o fez descobrir que a Palavra de Deus o guiava para o catolicismo; o segundo é que a mesma Bíblia mostrou para ele que a Igreja Católica é a única Igreja fundada por Cristo.
8. Alan Stephen Hopes, ex- Pastor e Bispo Anglicano nomeado por João Paulo II
Ex-pastor Alan Hopes |
Hopes nasceu em Oxford, em 1944. Foi recebido na Igreja Católica em 4 de dezembro de 1995. Após dois anos como vigário da paróquia de Nossa Senhora da Vitória, de Kensington, foi nomeado padre da paróquia de Nosso Redentor, em Chelsea, tornando-se depois, em 2001, vigário geral da Arquidiocese.
Monsenhor Hopes é um dos muitos ex-pastores anglicanos que abandonaram a Igreja da Inglaterra depois que esta aprovou a ordenação sacerdotal de mulheres, por sua evidente contradição com os Evangelhos e a história da Igreja.
* * *
Esta relação é, claro, apenas uma amostra muitíssimo incompleta, deixando inclusive casos bastane impactantes de fora, como o do ex-pastor Alex Jones, que não só se converteu católico como também levou a sua igreja com ele (leia sobre este caso aqui). Também não menciona o apologista David Anders, que faz um belo trabalho no portal católico "Called to Communion" (leia sobre ele aqui) ou o brilhante Steve Ray, que passou de apologista protestante para um dos mais profícuos autores católicos e autor do belíssimo portal Defender of the Catholic Faith (veja uma de suas ótimas pregações neste vídeo legendado).
A lista apresentada neste artigo está focada em alguns casos mais conhecidos e ocorridos nos EUA, por serem emblemáticos, já que se trata do maior país protestante do mundo, hoje, e, como dissemos no início, verdadeiro berço do protestantismo. Poderíamos, entretanto, citar muitíssimos outros casos que vêm ocorrendo em outras partes do mundo, como o do casal de ex-pastores pentecostais porto riquenhos Fernando e Lissette Casanova e o do ex-pastor mexicano Luis Miguel Boullón. Também no Brasil há numerosos casos, como o de Sideneh Veiga, Paulo Leitão, Adenilton Turquete e muitos, muitos outros. Todos eles são agora católicos e, afinal, verdadeiros cristãos, que encontraram a vida nova em Cristo na Comunhão com seu Corpo e Sangue, que só existe na única Igreja fundada por Ele mesmo: a Católica, Apostólica e, atualmente, Romana.
Encerramos com um trecho do honesto testemunho de conversão do ex-pastor Turquete, que se converteu após 20 anos como "evangélico":
Os próprios "evangélicos" já perceberam que não é mais possível ignorar o fenômeno de conversão de pastores à Igreja Católica. Tentam explicar. De outro lado, alguns veem nesta "enxurrada" de conversões um sinal do fim dos tempos, já que sabemos que, no final, os que pertencerem ao Rebanho serão chamados, e o joio se separará do trigo.
O fato inegável é que, nestes tempos insanos em que vivemos, vai-se tornando cada vez mais difícil permanecer neutro. Chega o tempo em que não se poderá mais fingir ser amigo de Cristo e do mundo, acendendo, como diz um antigo ditado, "uma vela para Deus e outra para o Diabo". Católico morno, decida-se para não ser vomitado do Corpo de Cristo (Ap 3,16). Desça de cima do muro, porque, na realidade, o muro não é neutro, mas pertence ao Inferno. Duc in altum! Sim, os tempos são duros, quando nem aqueles que deveriam zelar pela ortodoxia da fé, seduzidos pelas honras e confortos do mundo, parecem capazes ou dispostos a fazê-lo, São tempos de decisão, e por certo viveremos ainda tempos piores, em que precisaremos de muita coragem para confessar o santo Nome do Senhor.
“...Não é segredo para ninguém que a expansão do protestantismo no Brasil, especialmente o ramo pentecostal, se deu por conta de uma visão anti-católica que, (falsamente) baseada em textos bíblicos, proclamava a verdadeira salvação por meio apenas de igrejas pertencentes a este seguimento. Igreja Católica era sinônimo de idolatria e o Papa, o próprio Anti-cristo.
Passei a ver o catolicismo como uma religião idólatra e anti-bíblica. Por anos tive esta visão e convicção.
No auge da rede social Orkut, entrei em uma comunidade de debates entre católicos e evangélicos. A comunidade 'Debate Católicos e Evangélicos' congregava um número interessante tanto católicos quanto evangélicos, e ali tínhamos debates teológicos de grandeza magistral, mas também exemplos extremistas de fundamentalismo religioso, de ambas as partes.
Logo em minha primeira participação na comunidade entrei em um tópico que debatia algo sobre as Escrituras. Naquele dia eu levei a maior surra de interpretação bíblica, apanhei até cansar de um católico chamado Paulo, mais conhecido como 'Confrade'. Eu não tinha argumentos, mesmo sendo um leitor ativo da Bíblia, me considerando apto a debater as Escrituras, eu fui calado pela sabedoria e conhecimento daquele rapaz. Derrotado, pedi perdão pelo equívoco...
Passei e estudar com mais afinco o catolicismo, seus costumes, o Magistério, a Tradição, os dogmas, especialmente os ligados a Maria, mãe do Mestre.
O efeito disso foi a anulação do sentimento anti-catolicismo adquirido e o início de uma fase de fraternidade e aprendizado
No entanto foram necessários alguns anos para que eu entendesse que deveria regressar à Igreja Mãe. Foram necessárias várias decepções e muitas frustrações, para poder abrir o meu coração e conceber que meu lugar é na Igreja Católica.”
Os próprios "evangélicos" já perceberam que não é mais possível ignorar o fenômeno de conversão de pastores à Igreja Católica. Tentam explicar. De outro lado, alguns veem nesta "enxurrada" de conversões um sinal do fim dos tempos, já que sabemos que, no final, os que pertencerem ao Rebanho serão chamados, e o joio se separará do trigo.
O fato inegável é que, nestes tempos insanos em que vivemos, vai-se tornando cada vez mais difícil permanecer neutro. Chega o tempo em que não se poderá mais fingir ser amigo de Cristo e do mundo, acendendo, como diz um antigo ditado, "uma vela para Deus e outra para o Diabo". Católico morno, decida-se para não ser vomitado do Corpo de Cristo (Ap 3,16). Desça de cima do muro, porque, na realidade, o muro não é neutro, mas pertence ao Inferno. Duc in altum! Sim, os tempos são duros, quando nem aqueles que deveriam zelar pela ortodoxia da fé, seduzidos pelas honras e confortos do mundo, parecem capazes ou dispostos a fazê-lo, São tempos de decisão, e por certo viveremos ainda tempos piores, em que precisaremos de muita coragem para confessar o santo Nome do Senhor.
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