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Caminhos percorridos e passos dados por Francisco

Francisco e os franciscanos na busca de sua identidade


1. Em nossos dias não dá para deixar Francisco de Assis de lado. O cardeal Claudio Hummes, quando o cardeal argentino Bergoglio estava praticamente eleito Papa no conclave que se desenrolava na Capela Sistina, sussurrou-lhe: “Não se esqueça dos pobres”. Pouco depois, o novo Papa haveria de escolher para si o nome de Francisco e, desde então, muitas vezes, em seu ministério, ele alude ao espírito de Francisco. Todos os homens de boa vontade, de uma forma ou de outra, se voltam para a transparência do Evangelho, embora nem sempre se façam citações literais. Antes de mais nada, ressalte-se em Francisco de Assis e em Francisco de Roma a fraternidade. Francisco é o irmão universal, irmão do leproso, irmão do lobo, irmão do sultão, irmão de todos, irmão dos elementos (sol, estrela, água, terra, ar etc.). O Papa nos convida a sermos irmãos e irmãs universais. Que projeto tem ele para o mundo? Estabelecer, em todas as partes, vínculos de fraternidade. Sentimos unidos ao Papa nesse intento de proximidade com todas as pessoas da face da terra.
2. Francisco, em seu caminho vocacional, nos convida a tomar o Evangelho a sério. É isso que quero, que busco de todo o coração. O Evangelho responde a anseios que se agitam no coração desse jovem das comunas. O Evangelho é a verdade para Francisco e seu seguimento é realizar a vontade de Deus na trama de sua vida. O seguimento do Evangelho é uma evidência e uma urgência que brotam no mais profundo de seu ser.
3. Para tanto ele entra num caminho de conversão. Começa despojando-se dos bens para ficar apenas com o essencial. Em seguida, e ao longo de todos os anos de sua vida, continuará a experimentar o júbilo de ir se tornando uma pessoa cada vez mais leve. Jean Marc Charron fala que Francisco se despoja de seu orgulho, a autossuficiência e de manifestações de narcisismo que lhe eram próprias.
4. Traço importante e fundamental no processo de conversão: Francisco vai entrar num caminho de serviço, de minorismo e de fraternidade que fará com que abandone todo desejo de poder, de dominação sobre quem quer que seja, imitando destarte o Cristo servidor.
5. Paulatinamente, o Poverello vai se abrindo à ação do Espírito Santo e seu santo modo de operar deixando transformar-se interiormente, de modo particular através da Palavra do Senhor ouvida na solidão dos eremitérios e nas andanças pelas estradas poeirentas. Vai se tornando um ouvinte cada vez mais atento e aguçado e tudo termina quando pede que possa morrer nu na terra nua ouvindo o Evangelho de João. Francisco se identifica com seu Senhor e Mestre que morre no total despojamento.
6. E vive na alegria de estar nas mãos de Deus, de não se preocupar exageradamente com o vestir e o comer. Experimenta uma profunda alegria no fundo do coração. Tem vontade de cantar, de dançar. Quase explode de alegria. Vive a perfeita alegria quando o irmão porteiro não deixa que ele e Frei Leão entrem na casa quente e aquecida, mas os obriga a experimentar a alegria de se terem identificado com Cristo Jesus.
7. Quem são, efetivamente franciscanos, senão esses e essas que, na simplicidade de coração, vivem esse espírito e têm essas cores em seus semblantes? O Papa Francisco aponta para Francisco.
Frei Almir Guimarães
http://www.franciscanos.org.br/?p=92573

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