CARTA ENCÍCLICA CARITAS IN VERITATE DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E DIÁCONOS ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS FIÉIS LEIGOS E A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL NA CARIDADE E NA VERDADE
CAPÍTULO II
O DESENVOLVIMENTO HUMANO
NO NOSSO TEMPO
(...)
28. Um dos aspectos mais evidentes do desenvolvimento actual é a importância do tema do
respeito pela vida, que não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao
desenvolvimento dos povos. Trata-se de um aspecto que, nos últimos tempos, está a assumir
uma relevância sempre maior, obrigando-nos a alargar os conceitos de pobreza [66] e
subdesenvolvimento às questões relacionadas com o acolhimento da vida, sobretudo onde o
mesmo é de várias maneiras impedido.
Não só a situação de pobreza provoca ainda altas taxas de mortalidade infantil em muitas
regiões, mas perduram também, em várias partes do mundo, práticas de controle
demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam
mesmo a impor o aborto. Nos países economicamente mais desenvolvidos, são muito difusas
as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para
divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros
Estados como se fosse um progresso cultural.
Também algumas organizações não governamentais trabalham activamente pela difusão do
aborto, promovendo nos países pobres a adopção da prática da esterilização, mesmo sem as
mulheres o saberem. ]
Além disso, há a fundada suspeita de que às vezes as próprias ajudas ao
desenvolvimento sejam associadas com determinadas políticas sanitárias que realmente
implicam a imposição de um forte controle dos nascimentos. Igualmente preocupantes são as
legislações que prevêem a eutanásia e as pressões de grupos nacionais e internacionais que
reivindicam o seu reconhecimento jurídico.
A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. ]
Quando uma sociedade
começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias
necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem. Se se perde a
sensibilidade pessoal e social ao acolhimento duma nova vida, definham também outras
formas de acolhimento úteis à vida social[67]. O acolhimento da vida revigora as energias
morais e torna-nos capazes de ajuda recíproca. Os povos ricos, cultivando a abertura à vida,
podem compreender melhor as necessidades dos países pobres, evitar o emprego de enormes
recursos económicos e intelectuais para satisfazer desejos egoístas dos próprios cidadãos e
promover, ao invés, acções virtuosas na perspectiva duma produção moralmente sadia e
solidária, no respeito do direito fundamental de cada povo e de cada pessoa à vida.
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