Por Sandro Magister, 26 de outubro de 2016 | Tradução: FratresInUnum.com: Conforme anunciado no dia 13 de outubro pelo blog Settimo Cielo, amanhã não será o cardeal Robert Sarah a inaugurar o novo ano acadêmico do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família.
O discurso de abertura será proferido pelo próprio Papa Francisco. Mas ele não se dirigirá até a Pontifícia Universidade Lateranense, e sim receberá os membros do instituto na Sala Clementina do Vaticano, às 11 da manhã.
A mudança dramática de pessoa foi lida por todos como o início oficial de um novo rumo para o instituto, agora mais em linha com a “abertura” de Jorge Mario Bergoglio e, a pedido de seu novo grão-chanceler, que desde meados de agosto é Dom Vincenzo Paglia.
Enquanto isso, na adjacente Pontifícia Academia para a Vida, também entregue pelo Papa aos cuidados de Dom Paglia, a limpeza dos membros não-alinhados já é visível.
Nos termos dos artigos 5º § 2 dos estatutos, os membros ordinários, todos nomeados pelo Papa, e quase todos nomeados por João Paulo II, ficam no cargo continuamente até completarem 80 anos. São, portanto, irremovíveis. Mas, Dom Paglia já obteve do Papa Francisco o sinal verde para mudar o estatuto, reduzindo a 5 anos ou pouco mais que isso o mandato, como já ocorre com os chamados membros “correspondentes”. Ele está se preparando para fazer com que a nova norma tenha efeito retroativo.
Entre os acadêmicos de renome que correm o risco de expulsão estão, por exemplo, o austríaco Josef Maria Seifert e o inglês Luke Gormally, ambos culpados de terem feito críticas radicais à exortação pós-sinodal “Amoris laetitia”.
Entre os cardeais membros estão na mira Carlo Caffara, que também foi o primeiro presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, e Willem Jacobus Eijk, que é arcebispo de Utrecht e Presidente da Conferência Episcopal Holandesa, mas que também é um médico e teólogo moralista de valor, culpado também de criticar a “Amoris laetitia” e talvez mais ainda por ter assinado a famosa carta dos treze cardeais que tanto irritou Papa Francisco no início do último sínodo.
Inseguros também estão os membros mais comprometidos com os movimentos pró-vida, começando pela batalhadora Guatemalteca-americana Maria de Mercedes Arzu Wilson, de quem se recorda uma áspera polêmica com Dom Rino Fisichella, então presidente da Pontifícia Academia para a Vida, por causa de um artigo escrito por ele no “L’Osservatore Romano” muito compreensivo com relação ao caso de um aborto feito por uma adolescente e mãe solteira brasileira.
Um destino diferente, ou seja, a reconfirmação, está prevista para outros membros da academia se estes forem cientificamente qualificados, mas que sustentam posições – em matéria de bioética – não exatamente de acordo com o ensinamento da Igreja, pelo menos o de antigamente.
Um deles é, por exemplo, Felice Petraglia de Siena, ginecologista e editor-chefe da revista internacional “Human Reproduction Update”, fundada por Robert Edwards, um dos pais da fertilização em tubo de proveta e membro do órgão oficial da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, que apoia a fertilização “in vitro”, o diagnóstico e seleção genética de embriões, pílulas abortivas e outros semelhantes.
E outro é o ginecologista francês Charles Chapron, um amigo de Petraglia, membro de várias sociedades internacionais de obstetrícia e ginecologia, também favorável ao anterior em tudo, e que no entanto foi admitido como membro correspondente da Academia.
Um estratagema no qual Paglia está trabalhando, para associar membros desse naipe à Academia Pontifícia para a Vida e para incluir outros nos próximos anos, seria o mesmo que eliminar do estatuto o que está disposto nos art. 5 § 4º, alínea b:
“Os novos acadêmicos são convidados a subscrever a Declaração dos Servidores da Vida, com os quais se comprometem a promover e defender os princípios sobre o valor da vida e da dignidade da pessoa humana, interpretados de modo consistente com o Magistério da Igreja”.
Com isso, estaria aplainado o caminho para convidar a fazer parte da Academia Pontifícia para a Vida também Angelo Vescovi, muito ligado a Paglia desde quando ele era bispo de Terni e ajudou-o a estabelecer na cidade a sede central sua criação, a Fundação de células-tronco. Angelo Vescovi não é Católico e participou da campanha do plebiscito de 2005 para defender a lei 40, fortemente desejada pelo Cardeal Camillo Ruini. Mas, fora isso, ele nunca se destacou na defesa pública da vida humana nos círculos científicos dos quais ele é membro. Além do mais, é conhecida a sua posição ambígua sobre as questões de células-tronco embrionárias.
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