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Papa: “A Igreja deve pedir perdão aos gays”. E sobre Lutero: “Ele foi um reformador, tinha boas intenções”.

Francisco a todo vapor no vôo da Armênia: “Bento XVI  é Emérito, mas o Papa é um só”. “Depois do Brexit, é necessário uma União Europeia menos maciça”. E responde ainda aos ataques de Ancara: “Os armênios? Eles não conheciam outra palavra senão genocídio.”
Por La Repubblica | Tradução: FratresInUnum.com: “Pedimos perdão por termos marginalizado os gays. Martinho Lutero foi um reformador. Bento é Emérito, mas o Pontífice é um só”. É um Papa a todo vapor aquele que se entretém com os jornalistas no vôo da Armênia. Francisco encontra tempo para falar até da União Europeia após o referendo sobre Brexit e para voltar ao tema do genocídio armênio, que causou a forte reação da Turquia. E são todas as palavras destinadas a causar controvérsia.
224526713-ef385206-b78f-4edd-82f6-bc3fa6b6a879“A Igreja pede perdão aos gays e não apenas a eles”.”Eu acredito que a Igreja não só deve pedir perdão aos gays, mas deve pedir perdão também aos pobres, às mulheres estupradas, as crianças exploradas no trabalho, deve pedir perdão por ter abençoado tantas armas. Os cristãos devem pedir perdão por terem acompanhado tantas escolhas erradas”. Assim Papa Francisco, no vôo de regresso de Yerevan, respondeu quando perguntado se ele concorda com o cardeal Reinhard Marx, que em uma conferência internacional em Dublin disse que a Igreja deveria pedir perdão à comunidade gay. “Eu disse em minha primeira viagem e repito, aliás repito o Catecismo da Igreja Católica – disse o Papa -: os homossexuais não devem ser discriminados, devem ser respeitados, acompanhados pastoralmente.  Se pode condenar qualquer manifestação ofensiva aos outros, mas o problema é que, com uma pessoa com aquela condição, que tem boa vontade e que busca a Deus, quem somos nós para julgar? Devemos fazer um bom acompanhamento – acrescentou – é o que diz o Catecismo. Então, em alguns países e tradições, existe outra mentalidade, alguns que tem uma visão diferente sobre este problema “.
“As intenções de Lutero não eram erradas”. “Eu creio que as intenções de Martinho Lutero não eram erradas. Ele foi um reformador”. Estas são as palavras do Papa Francisco no vôo de regresso da capital armênia, Yerevan, e responde também a uma pergunta sobre a viagem que o Papa fará a Lund, Suécia, para o 500º aniversário da Reforma Protestante. “Talvez – continuou o Papa – os métodos foram errados. Mas a Igreja não era nenhum modelo a ser imitado: havia corrupção, mundanismo, lutas de poder”. Respondeu ele dando um passo adiante para criticá-la.  “Em seguida, verificou-se que ele não estava sozinho  pois Calvino e os príncipes alemães queriam o cisma.  Devemos colocar-nos na história desse tempo, não é fácil de compreender hoje – continua o Papa – buscamos retomar a estrada para nos encontrarmos novamente depois de 500 anos.  Rezar juntos e trabalharmos em conjunto para os pobres. Mas isso não é suficiente. O dia da plena unidade, dizem alguns, é o dia depois da vinda do Filho do Homem. No entanto, nós temos que orar, dialogar e trabalhar em conjunto por tantas coisas, como na luta contra a exploração das pessoas.Noplano teológico, finalmente, estamos de acordo com os luteranos sobre o tema da Justificação. O documento conjunto sobre esta questão é um dos mais claros. Os irmãos -assim, concluiu o Papa- se respeitam, se amam”.
“Há apenas um Papa, Bento é Emérito”. “Há apenas um Papa. O outro, Bento XVI é um papa emérito, uma figura que antes não existia e que ele, com coragem, oração, ciência, e até mesmo teologia, abriu o caminho. Eu nunca esqueci o discurso que ele fez aos cardeais em 28 de fevereiro, há três anos atrás: “entre vocês com certeza está o meu sucessor, a ele eu prometo obediência”. E assim o fez.”. Assim Papa Francisco respondeu aos repórteres sobre as declarações de Mons. Georg Gaenswein sobre o ministério petrino, que agora seria compartilhado entre dois papas, um ativo e outro contemplativo. “Eu não li as declarações, eu não tive tempo para ver essas coisas”, assim disse Francisco. “Bento é o Papa emérito – disse ele. – Ele disse claramente naquele 11 de fevereiro, que sua demissão seria efetiva em 28 de fevereiro, que se retirava para ajudar a Igreja com a oração. E Bento XVI está no seu mosteiro, rezando. Eu fui vê-lo, eu de vez enquanto falo com ele ao telefone. Outro dia mesmo ele me escreveu uma cartinha, com aquela assinatura sua, desejando-me boa viagem à Armênia.  Mais de uma vez- recordou o Pontífice- eu disse que é um graça ter em casa um sábio. Até disse isso pra ele e ele riu. Ele pra mim é o Papa emérito e o avô sábio, é o homem que sustenta as costas e a coluna com a sua oração. Depois eu ouvi falar,  pois me contaram, mas eu não sei se é verdade, porém se encaixa bem com seu caráter, que alguns foram lá para se queixar de mim com ele: “… mas este Papa … ‘, e ele os expulsou de lá…no melhor estilo bávaro, educado, mas os expulsou. Este homem é assim, um homem de palavra, é um homem reto, reto. É o Papa Emérito “.
“A Europa após Brexit precisa de uma união menos maciça.” “Há um ar de divisão, não só na Europa.  Dentro dos próprios países:.. a Catalunha e a Escócia no ano passado. Há algo errado nesta União ‘enorme’: talvez seja necessário pensar em uma nova forma de união, mais livre. Mas não se deve jogar fora o bebê com a água suja do banho “. Assim o Papa, no vôo de Yerevan respondeu sobre Brexit e os perigos de desintegração da Europa. “Essas divisões – disse o Papa – não digo que são perigosas, mas precisamos estudá-las bem e antes de tomar um passo adiante conversarmos bem entre nós, e buscar soluções viáveis”.  Francisco disse que ele não havia estudado o “porque o Reino Unido quis tomar essa decisão. Mas há divisões por independência, que são feitas para a emancipação, como os dos Estados que eram colônias, e há secessões. Um passo que, no caso da União Europeia, deve ser dado para recuperar a força de suas raízes, um passo de criatividade, e até mesmo de saudável “desunião”, dar mais liberdade aos países da UE pensar uma outra forma de União”.  “Seja criativo – afirmou ele- em postos de trabalho, na economia, é impensável que em países como a Itália, há tantos jovens fora do mercado de trabalho.  Há algo errado nesta União ‘maciça’.  Mas não vamos deitar fora o bebê com a água do banho.Precisamos recriar – concluiu – Recriar é algo que sempre precisa ser feito. E isso dá vida e vontade de viver. Dá fecundidade. Para a União Europeia, na minha opinião há duas palavras-chave: criatividade e fecundidade…”
“Os armênios? Não conhecem outra palavra senão genocídio”. “Na Argentina, sempre que se fala sobre o extermínio dos Armênios se usava a palavra genocídio. Não conheci outra. Só que quando eu vim para Roma ouvi outra palavra, o” grande mal “, a terrível tragédia … E me disseram que a outra era ofensiva “. Assim disse o Papa respondendo sobre a reação turca às suas declarações sobre a perseguição do povo armênio. “Por causa do meu passado com esta palavra, por já tê-la usado publicamente, seria muito estranho se eu não a tivesse usado na Armênia.  Mas eu nunca falei com espírito de ofensa. Eu sempre falei de três genocídio no século passado..: o primeiro Armênio, o segunda o de Hitler e o último, o de Stalin. Houveram outros, como na África, mas estes foram os que aconteceram no âmbito de duas grandes guerras “, disse o pontífice. “Eu me perguntava porque há alguns que acham que este não foi um verdadeiro genocídio. Um advogado me disse algo que me impressionou muito, que” genocídio “é um termo técnico, tem sua tecnalidade, não é sinônimo de extermínio. Pode-se dizer extermínio, mas o genocídio implica que são necessárias ações de reparação”.

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