Cada um
de nós faz a experiência de verdadeiros dilaceramentos interiores, por exemplo,
entre o amor por si mesmo e, de outro lado, de desprezo devido a tudo de louco
que fazemos a convite de nosso ego. Ser uma pessoa reconciliada é amar-se
de verdade, ter um amor próprio autêntico sem se considerar o centro do mundo e
sem se desprezar; é ter para com os outros um justo relacionamento nem de
superioridade, nem de inferioridade. Ser alguém reconciliado é ter um
relacionamento de respeito para com a natureza, relacionamento de louvor e não
de dominação e açambarcamento; ser alguém reconciliado é ter com Deus um
verdadeiro relacionamento de amor e de confiança e não de medo ou de recusa
A
reconciliação é um caminho longo. Ela supõe, antes de tudo, que reconheçamos
humildemente nossos dilaceramentos e divisões. Para chegar à identidade e dar o
melhor de nós mesmos será preciso mudar nosso ponto de vista. Em termos
cristãos chamamos a isso de conversão. É um trabalho de fé e de confiança.
Converter-se é deixar de centrar-se em si mesmo, aceitar abrir-se a Deus e,
ao mesmo tempo, abrir-se aos outros e ao mundo.
Converter-se
é “antenar-se” no Senhor. Nossa tendência é fazer tudo partir de nós, de sermos
o centro do mundo de tudo ver a partir de nós mesmos. Assim temos uma
falsa imagem dos nossos e dos outros. Converter-se é ter a convicção que nunca
seremos nós mesmos a não ser quando formos aquilo a que Deus nos destinou.
Francisco é um homem reconciliado porque fez unidade em si, porque soube
aceder a uma simplicidade despojando-se de seu orgulho, narcisismo, vanglória,
preocupações inúteis. Esse homem pacificado que foi Francisco é obra de toda
uma vida. Esse despojamento não conseguiu ele simplesmente à força de murros,
mas abandonando-se a Deus, aos irmãos e aos acontecimentos. Somente no final de
sua vida, no momento dos estigmas e do Cântico dos Cânticos, uns dois aos
antes da morte, que ele se tornou um homem pacificado.
http://www.franciscanos.org.br/?p=66715
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