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DA CARIDADE FRATERNA

Diliges proximum tuum tamquam teipsum  — “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Marc. 12, 31). Sumário.  Ninguém pode amar a Deus sem que tenha amor ao próximo, porquanto o amor de Deus e o do próximo nascem da mesma caridade, e o mesmo preceito que nos obriga ao primeiro, obriga-nos também ao segundo. Examinemos em que estima tivemos até agora um preceito tão importante, e, se porventura tivermos de reconhecer faltas, façamos firme propósito de ser para o futuro mais exatos, lembrando-nos que da observância da caridade depende o sermos cristãos, não só de nome, mas de fato. ************************** Não se pode amar a Deus sem amar ao mesmo tempo ao próximo. O mesmo preceito que nos manda o amor para com Deus, manda-nos igualmente o amor para com os nossos irmãos: Et hoc mandatum habemus a Deo, ut, qui diligit Deum, diligat et fratrem suum (1) — “ Nós temos de Deus este mandamento, que o que ama a Deus, ame também a seus irmão ”. D’onde infere Santo Tomás de Aqu

DOMINGO “IN ALBIS”: SÓ EM DEUS SE ACHA A VERDADEIRA PAZ (OITAVA DA PÁSCOA)

Venit Iesus, et stetit in medio, et dixit eis: Pax vobis  — “Veio Jesus, e pôs-se no meio e disse-lhes: A paz seja convosco” (Io. 20, 9). Sumário.  Assim é: só em Deus se acha a verdadeira paz; porque, tendo Deus criado o homem para si, o Bem infinito, só Ele pode fazê-lo contente. Quem quiser gozar esta paz, deve repelir de seu coração tudo que não seja Deus, que feche as portas dos sentidos a todas as criaturas e viva como que morto aos afetos terrestres. É isto exatamente o que o Senhor quis dar a entender aos apóstolos, quando, aparecendo para lhes anunciar a paz, quis ambas as vezes entrar aonde estavam os apóstolos,  estando as portas fechadas. ****************************** I. Refere São João que, achando-se os apóstolos juntos numa casa, Jesus Cristo ressuscitado entrou ali, posto que as portas estivessem fechadas, e pondo-se no meio, disse-lhes duas vezes:  A paz seja convosco . Repetiu as mesmas palavras oito dias depois, aparecendo-lhes mais uma vez, estando fechad

“A Bondade e Misericórdia do Coração de Jesus”.

Coluna do Padre Élcio: “A Bondade e Misericórdia do Coração de Jesus”. Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! Quantos assuntos de meditação nos oferece o Santo Evangelho de hoje: A Bondade e Misericórdia do Coração de Jesus, a paz, a fé, o Sacramento da Penitência! Com a graça de Deus vamos falar sobre a Misericórdia. Como são assuntos que se entrelaçam, falaremos  de passagem também sobre os demais. Caríssimos, a Misericórdia divina é infinita. Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e tenha a vida eterna. Deus espera com paciência o pecador; vai a procura dele com toda solicitude; e recebe com toda alegria o pecador arrependido.  Os Apóstolos estavam sem paz: haviam pecado, abandonado o Mestre, estavam fechados numa casa com medo dos judeus. Jesus ressuscitado lhes aparece. Suas primeiras palavras não foram de repreensão, foram de paz: A paz esteja convosco! Como Jesus é bom!. A paz é um dom tão precioso que sobrepuja todo entendimento hum

SANTO TOMÁS DE AQUINO E A SANTÍSSIMA EUCARISTIA

A SANTÍSSIMA EUCARISTIA NA VIDA ESPIRITUAL DE SANTO TOMÁS DE AQUINO - I - Os outros doutores da Sorbonne apresentaram a Santo Tomás um problema a respeito da permanência dos acidentes eucarísticos “sine subjecto”: Santo Tomás “(...) escreveu logo, como era costume seu, uma demonstração muito cuidada e lúcida, com a sua opinião. Escusado é dizer que sentiu, com simplicidade de coração, a pesada responsabilidade e a gravidade de tão judicial decisão, e parece, naturalmente, ter-se preocupado muito mais do que costumava com a sua obra. Buscou luz na oração e intercessão mais prolongada que de costume, e por fim, com um desses poucos mas impressionantes gestos corporais que caracterizam as ocasiões importantes da sua vida, depôs a tese aos pés do crucifixo do altar, e ali a deixou ficar como à espera de julgamento. Depois se virou, desceu os degraus e ficou submerso uma vez mais em oração; diz-se, no entanto, que os demais frades estavam à espreita, e que tinham boas ra

DO NÚMERO DOS PECADOS

Quia non profertur cito contra malos sententia, ideo filii hominum perpetrant mala – “Porquanto o não ser proferida sentença logo contra os maus, é causa de os filhos dos homens cometerem crimes sem temor algum” (Ecl 8, 11) Se Deus castigasse imediatamente a quem o ofende, não se veria, sem dúvida, tão ultrajado como o é atualmente. Mas, porque o Senhor não sói castigar logo, senão que espera benignamente, os pecadores cobram ânimo para ofendê-lo. É preciso, porém, considerar que Deus espera e é pacientíssimo, mas não para sempre. É opinião de muitos Santos Padres (de São Basílio, São Jerônimo, Santo Ambrósio, São Cirilo de Alexandria, São João Crisóstomo, Santo Agostinho e outros) que Deus, assim como determinou para cada homem o número dos dias de vida, e dotes de saúde e de talento que lhe quer outorgar (Sb 11,21), assim, também, contou e fixou o número de pecados que lhe quer perdoar. E, completo esse número, já não perdoa mais, diz Santo Agostinho. Eusébio de Cesaréia e os

Feliz Páscoa e Tempo Pascal

O TEMPO PASCAL compreende cinquenta dias (do grego Πεντηκοστή =  pentēkostḗ =  pentecostes ), que são vividos e celebrados como um só dia – o grande Domingo de Páscoa e compreendem "os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes. Devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um só e único dia festivo, como um grande Domingo" ( Normas Universais do Ano Litúrgico , n. 22). O Tempo Pascal é, em muitos sentidos, o mais importante de todo o Ano Litúrgico. É inaugurado na Vigília Pascal e celebrado durante sete semanas até a Solenidade de Pentecostes. É a Páscoa (do hebraico  pesach , que significa 'passagem') de Cristo, nosso Senhor e Salvador, que passou da morte para vida, vida plena e eterna, sua (e nossa futura) existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, que é seu Corpo, introduzida na Vida nova de seu Senhor por meio do Espírito que Cristo lhe deu no dia do primeiro Pentecostes. A or

V Pregação da Quaresma, no Vaticano: “Usemos as armas da Luz – A Pureza Cristã”

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 23-03-2018,  Gaudium Press )  O Pregador da Casa Pontifícia, padre Raniero Cantalamessa, OFM, proferiu diante do Papa Francisco e da Cúria, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a quinta e última pregação da Quaresma, intitulada "Usemos as armas da luz - A pureza cristã". Publicamos abaixo o texto da pregação do Frei Cantalamessa, numa tradução de Thácio Siqueira, Associação Marie de Nazareth, publicado pelo Vatican News. Confira o texto na íntegra: "A pureza cristã" Em nosso comentário à parênese da Carta aos Romanos, chegamos ao ponto em que se diz: "A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais